22/03/2017
Crítica
- Abertura da Temporada de 2017
da Orquestra Petrobrás Sinfônica
Crítica do concerto da OPES
com o pianista Jean Louis Steuerman
no Theatro Municipal do Rio
de Janeiro
Sábado passado, dia
18 de março, a Orquestra
Petrobrás Sinfônica,
deu início a sua temporada
de 2017, com a Série
Portinari 1 – apresentando-se
numa programação sob
a regência do seu maestro
titular Isaac Karabtchevsky
e tendo como solista,
o festejado pianista
Jean Louis Steuerman,
Steuerman, que atualmente
é o diretor da Sala
Cecília Meireles, se
destacou com uma importante
carreira internacional
e ganhou reconhecimento
depois de conquistar,
em 1972, o segundo lugar
no Concurso Johann Sebastian
Bach, em Leipzig, na
Alemanha. No programa,
obras de Mozart (Concerto
para piano nº 24 em
dó menor, K. 491) e
Rossini (Abertura da
ópera La gazza ladra,
Abertura da ópera O
Barbeiro de Sevilha,
Abertura da ópera A
Italiana na Algéria,
Abertura da ópera La
Scala di Seta e Abertura
da ópera Guilherme Tell).
Infelizmente o Rio de
Janeiro, vive momentos
difíceis, de muita penúria
artística. A OSB está
num dilema terrível,
ainda não se sabe ao
certo, o destino que
a ela será reservado.
O silêncio é total.
Quando isto se resolverá?
Depende da inteligência
deste país.
Neste concerto de sábado
da Petrobrás Sinfônica,
iluminou o nosso panorama
musical. Com requintes
e sons de um conjunto
de nível internacional,
trazendo um pouco de
alívio aos nossos ouvidos
carentes de momentos
de beleza e fascínio
com os que tivemos.
Aleluia!
O Concerto deu início
com uma abalizada e
competente interpretação
do grave e solene, Concerto
para Piano e Orquestra
nº 24, em dó menor,
K. 491, de Mozart. Obra
concebida no inverno
entre 1785-86, sendo
concluído em março de
1786. Sua estreia aconteceu
no Burgtheater, em Viena,
no mês de abril de1786.
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Theatro Municipal
do Rio de Janeiro
(foto: Roberto Carelli)
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Em 3 movimentos: Allegro (em
forma de sonata).
Larghetto
Allegretto
Conquistou fama de imediato,
tendo entres os seus admiradores,
Beethoven e Brahms, tornando-se
um dos mais queridos concertos
para piano.
Jean Louis Steuerman,
estava num estado de
graça total. Segurança,
sonoridade, dedilhado
minucioso, equilíbrio
formal, contrição religiosa
e senhor absoluto da
situação, Steuerman
deu uma verdadeira aula
de como se deve abordar
a obra do mestre. A
regência de Karabtchevsky,
foi de total envolvimento
com o solista, não houve
uma falha sequer no
entrosamento do dois.
A orquestra brilhou
com contenção e equilíbrio
levando-nos a um estado
de êxtase que beirou
ao divino.
Ao final, o público
retribuiu os grandes
momentos de arte, com
uma enorme ovação. De
pé exigiu um bis e Steuerman
sóbrio, solene e visivelmente
comovido, nos brindou
com primeiro andamento
dos treze que compõem
as Cenas Infantis, de
Schumann: Von fremden
Ländern und Menschen
– De Povos e Terras
Distantes. Interpretação
onírica e comovente.
Bravos ao nosso grande
pianista.
Depois do intervalo,
Karabtchevsky nos apresentou
sensacionalmente, uma
série de aberturas de
óperas de Rossini.
Começaram com a abertura
de La Gazza Ladra, composta
em 1817, onde ouvimos
traços orquestrais fortemente
coloridos a partir de
rufos das caixas, apresentando
a seguir um tema militar
levemente ameaçador,
seguindo-se os andamentos
rápidos. A ópera semisséria,
estreou no Scala de
Milão, em 13 de maio
de 1817. Conta a história
de serva injustamente
acusada do roubo de
um talher de prata,
que verdade tinha sido
levado pela ave-pega
(gazza) para o seu ninho.
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Jean Louis Steuerman
(esq.) com Lauro Gomes
em 2016,
após entrevista para
o portal Brasil Clássico
(foto: Roberto Carelli)
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Em seguida tivemos a abertura
de “O Barbeiro de Sevilha”,
onde não encontramos temas da
ópera e que serviu como abertura
de outras óperas de Rossini.
É uma obra de um vigor picante
para um prelúdio de uma ópera
cômica. Sua estreia se no Teatro
Argentino, de Roma, no dia 20
de fevereiro de 1816, tornando-se
imediatamente uma das mais populares
óperas universais.
Prosseguindo, a abertura de
A Italiana em Argel, que foi
o primeiro grande sucesso do
compositor. Estreada no dia
22 de maio de 1813, no Teatro
San Benedetto, em Veneza, esta
obra estabeleceu o padrão das
aberturas rossinianas: Uma introdução
lenta e pesada nos leva para
um alegro emocionante. Aqui
são usados os temas da ópera
em questão.
A seguir, tivemos a abertura
da ópera La Scala di Seta (A
escada de seda). Trata-se de
uma farsa cômica em um ato que
estreou no Teatro San Moisè,
em Veneza, no dia 9 de maio
de 1812. Hoje raramente levada
a cena, mas a abertura continua
a fazer um sucesso semelhante
ao La Gazza Ladra.
E terminando triunfalmente,
tivemos a famosíssima abertura
de Guilherme Tell, últimas da
óperas de Rossini, estreada
na Ópera de Paris, na Salle
Le Peletier, no dia 3 de agosto
de 1829. Embora tenha vivido
coberto de glórias e luxo, em
Paris, até a sua morte em novembro
de 1868, Rossini não quis mais
compor, vivendo e curtindo o
seu sucesso.
A abertura de Guilherme Tell,
tornou-se o grande triunfo do
compositor. Depois de temas
dramáticos e leves, um trompete
anuncia o patriótico exército
suíço, através do famoso galope,
usado permanente, como tema
até de desenhos animados.
A Orquestra Petrobrás Sinfônica,
voltou em grande estilo, com
o prestígio de ser um dos melhores
conjuntos do país. Afinação,
andamentos, correção de estilos
e de grande musicalidade, tendo
entres os seus elementos, os
mais destacados, brilhantes
músicos e professores do país,
levou o público ao delírio.
Foi emocionante sentir a reação
da plateia ávida de música.
Sobre a regência de Isaac Karabtchevky,
é reprisar em tudo que já foi
tido sobre ele. Veterano e decano
dos nosso maestros, ele se impõe
logo sob a sua impecável postura.
Sóbrio, elegante nos movimentos,
dirige os seus comandados com
a vivacidade dos seus olhares
enérgicos e o vigor de suas
mãos seguras e soberanas. Foi
de uma impressionante presteza
e uma agilidade assombrosa.
Incrível a sua capacidade de
comunicação.
Bravos, muitos aplausos, uma
verdadeira ovação, coroaram
esta apresentação magnífica.
Sim, temos orquestra de primeira
grandeza no reino da música.
Começaram com o pé direito.
Tenho certeza, que a temporada
será muito gratificante. Vamos
prestigiar minha gente. É muito
difícil no Brasil de hoje, um
espetáculo tão envolvente e
de tanta qualidade como este.
Bravos!!!!!!
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