17/10/2015
Crítica do concerto da OPES no Theatro
Municipal do Rio de Janeiro
Meus amigos, ontem a tarde, tivemos mais um
belo concerto da Orquestra Petrobrás Sinfônica, dentro da
Série Portinari, regida por seu regente substituto, o spalla
Felipe Prazeres.
Abrindo o programa tivemos “Rio em Festa”, de Alexandre
Schubert, peça encomendada para as homenagens aos 450º
aniversário da Cidade do Rio de Janeiro.
Alexandre Schubert nasceu no dia 23 de fevereiro de 1970, em
Manhumirim, Minas Gerais. Fez o bacharelado e o mestrado em
composição, na Escola de Música da UFRJ. Já recebeu mais 12
prêmios em concursos e em 2010, recebeu o Prêmio FUNARTE com
a sua obra “Variantes”, para piano e orquestra de câmara.
“Rio em Festa” foi uma verdadeira apoteose em louvores ao
Rio de Janeiro. Clarinadas anunciaram um alvorecer
carioca... e foram se acumulando: os ritmos, a alegria
contagiante, a malemolência, a ginga mulata e as marchinhas
que se mesclavam, juntou-se um coro afinadíssimo da
orquestra, cantando junto. Uma cuíca reboou no espaço e uma
bateria enlouquecedora arremataram a obra que cativou todo
mundo. A bela e inspirada peça sinfônica de Alexandre
Schubert, abriu com chave de ouro uma vesperal cheia de
emoções. Muitos bravos e aplausos espontâneos e vivos. |
Alexandre Schubert e
Lauro Gomes |
Em seguida, ouvimos o belíssimo Concerto para Violino de
Orquestra, em Mi Menor, op. 64, de Mendelssohn. No violino
tivemos o músico e maestro italiano, Emmanuele Baldini, que
veio residir no Brasil e desde 2005, é o spalla da Orquestra
Sinfônica do Estado de São Paulo.
O concerto foi elaborado por Mendelssohn, desde 1838, sendo
concluído no dia 16 de setembro de 1844, dois anos antes da
morte do compositor, sendo aclamado como um dos mais bonitos
concertos de violino da literatura musical. Interpretado
pela primeira vez em Leipzig a 13 de Março de 1845, com
Ferdinand David como solista e a direcção musical do
dinamarquês Niels Gade – que substituiu Mendelssohn
impedido de dirigir por motivos de saúde. O sucesso foi
imediato, tornando-se uma obra obrigatória nas salas de
concerto do mundo.
O concerto tem a formação clássica de 3 movimentos.
1 – Allegro molto appassionato – Neste movimento,
Mendelssohn inova: o violino entra logo no início, junto com
a orquestra, fugindo a regra geral, em que sempre a
orquestra faz uma preparação para a entrada no instrumento
solista. O violino e a orquestra exploram juntos as
principais ideias temáticas, em um diálogo constante.
2 – Andante – Tem um intenso lirísmo em forma ternária, se
assemelhando a uma canção.
3 – Allegretto non troppo – Allegro molto vivace - Na forma
de uma sonata rondó em que se destaca o brilhantismo sonoro
e o virtuosismo do solista, rivalizando com o tutti
orquestral.
Emmanuele Baldini veio de São Paulo, para substituir em cima
da hora, o célebre violinista Julian Rachlin que adoeceu. A
obra certamente faz parte do repertório de todo bom
violinista, mas Baldini surpreendeu com uma sonoridade
abrangente e um virtuosismo assombroso. Impecável a sua
apresentação que culminou com uma consagração. A plateia
respondeu com entusiasmo e como bis tivemos um trecho da
trilha sonora do filme “O Violino Vermelho”, composta por
John Corigliano. Peça de de uma tenacidade incrível e mais
uma partitura que teimava em não ficar sossegada na estante,
criou-se um clima de suspense que animou ainda mais, a brava
interpretação do músico. |
O regente Felipe Prazeres, o
violinista Emmanuele Baldini
e Lauro Gomes
|
Terminando o concerto, a Sinfonia nº 4, em Lá Maior, op. 90,
Sinfonia Italiana, também de Mendelssohn. Esta obra foi
inspirada durante uma turnê realizada pelo compositor, num
giro pela Itália, entre 1830 e 1831, sendo enfim concluída
em 1833 e estreando em Londres, com a Royal Philharmonia
Society, no dia 13 de março de 1933, sob a direção do
compositor. Ressaltando as cores, a atmosfera, as ruínas e o
folclore da Itália, a obra tem 4 movimentos.
1 - Allegro vivace – Escrito na forma sonata - A Itália está
em festa em danças ritmadas de uma alegria contagiante. A
OPES brilhou de saída. Num ritmo realmente vivo e
esfuziante, eletrizando o teatro.
2 – Andante con moto - Impressões de uma procissão religiosa
que o compositor acompanhou em Nápoles – Num rítmo
compassado, solene e pleno de devoção mística, a orquestra
emocionou com sons tristes e lamentosos.
3 – Con moto moderato – Um minueto valsante com trio, com a
orquestra que nos convidava a dançar suavemente, num clima
bucólico e aconchegante.
4 - Saltarello: Presto – Contruído em tom menor, incorpora
figurações de dança de um irriqueito e buliçoso saltarello
romano que se transforma numa esfuziante tarantella
napolitana. Aqui a orquestra demonstrou o quanto vale um
trabalho assíduo, dedicado, com bravura e ímpeto. Maravilha!
Aplausos finais para o novo maestro que surge. Elegante,
comedido, sem arroubos desnecessários, Felipe Prazeres me
lembrou o seu pai, o saudoso Armando Prazeres, na segurança
e equilibrio como conduziu o seu trabalho. Boas vindas ao
novo mestre da batuta.
Um público feliz partindo risonho e contente, por uma tarde
musical tão gratificante. Assim vale a pena sair de casa.
Bravos a todos.
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