MÊS MIGNONE (23/09/2015)
Setembro é o mês de
aniversário de Mignone e,
como sempre, anualmente o
Centro Cultural Francisco
Mignone, realiza toda
semana, uma série de
concertos em sua pequena
sede na Rua Barata Ribeiro
em Copacabana.
Ontem tivemos um programa
delicioso, mesclando obras
de câmara com composições do
Chico Bororó, pseudônimo do
mestre em suas composições
populares.
Começaram com dois jovens
talentos, alunos da prof.
Mirian Grosman, Pedro Souza
tocando a Valsa de Esquina
nº 2 e Mateus Marquês, na
interpretação da Valsa de
Esquina nº12. Visivelmente
nervosos e ainda sem a
prática de tocar em público,
os dois brilharam na procura
de um som e sentimento
exatos. Começaram hesitantes
e pouco a pouco, foram
dominando as suas ansiedades
e terminaram com muito
bravura. Os dois prometem
muito. Parabéns aos jovens
músicos. |
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Depois foi a vêz da pianista
Yuka Shimizu, japonesa que
veio para o Brasil ainda
muito jovem, aprender a
música da nossa pátria. Yuka
é uma grande intérprete. A
sua evolução é
surpreendente. Primeiro ela
tocou Nazareth – Brejeiro.
Malemolência, requebros e
muita personalidade na sua
visão da obra.
Em prosseguimento, o duo Fernando
Thebaldi – viola e Yuka Shimizu –
piano. Thebaldi depois de muitos
anos no Quarteto Radamés Gnattali,
parte agora gloriosamente, para uma
carreira solo. O Duo desvendou os
segredos de três peças de Osvaldo
Lacerda: Apassionato, Cantilena e
Toccata. Sons estranhos e um
nordeste evocativo dominaram o
ambiente.
Em sequência, Neti Szpilman e Yuka,
interpretaram Chico Bororó: Mandinga
Doce. Neti é uma artista completa,
atriz e cantora, não faz por menos,
derruba plateias, num show de
meiguice e encantamento. |
Neti Szpilman, Yuka Shimizu
e Pedro Souza
no Recital Mignone. |
Em prosseguimento, Yuka
demonstrou todo o seu
dominio ao piano na
interpretação da Congada, do
Mignone - dança da ópera “O
contratador de diamantes”.
Os andamentos rápidos e
quebradas de rítmos, foram
dominados com categoria. Uma
leitura limpa e perfeita.
Muitos aplausos brindaram o
trabalho de Yuka.
E o duo viola e piano,
voltou tocando Três Valsas
Brasileiras para Viola e
Piano, de Mignone. Obras
magistrais, de uma
brasilidade seresteira
inconfundível e de grandes
difilcudades de execução.
Perfeito o entrosamento dos
músicos. Bravos e muitos
aplausos.
E volta Neti e Yuka. As Três
Pinta, de Mignone, conquista
de cara todos os presentes.
Um misto de graciosidade e
malícia, Neti cheia de
significados e intenções,
dando o seu recado com
desenvoltura maravilhosa.
E mais uma vêz o duo
viola-piano se apresenta:
Três Peças para Viola e
Piano de Guerra-Peixe. Da
fase nordestina do
compositor petropolitano.
Grandes momentos de música:
“Cantoria de Galope” -
vaqueiros nordestinos,
passam num galope ligeiro,
em cima dos seus cavalos.
“Reza de Defunto” – Prece a
um morto, em meio de um
sertão seco, árido e
sedento. Triste e solene.
“Toada Afro-Recifense (Jeje)”
– Uma toada alegre e
dançante.
Excelente a cumplicidade dos
músicos. Muitos aplausos
homenagearam o brilhantismo
do duo. |
Mateus Marques e Fernando
Thebaldi
no Recital Mignone. |
Encerrando a festa, Neti e Yuka
apresentaram-se em duas peças do
Mignone: Quando uma flor desabrocha
e Festa na Bahia. Um fecho de ouro.
O público quer mais. Foi exigida a
presença da Maria Josephina Mignone
e a sua arte, que atendendo a muitos
pedidos, interpretou a Valsa de
Esquina nº 8. O milagre se repete
sempre que a artista se apresenta.
Os seus sons hipnotizam a plateia e
o seu triunfo é indescritível.
Neti e Yuka voltam para mais um
Chico Bororó: Num vórto a pé, outro
show de malícia e graciosidade.
Muito aplausos aos valorosos
artistas que se entregaram de corpo
e alma, a este sarau em homenagem ao
Francisco Mignone. Bravos!.
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