19/06/2016
Considerações sobre O Lago dos
Cisnes
Crítica do Ballet O Lago dos Cisnes
na temporada 2016 do Theatro
Municipal do Rio
No dia 30 de outubro de 1959,
eu assisti embevecido, O Lago dos
Cisnes, dançado completo, pela
primeira vez na América Latina, com
um elenco brasileiro: A primeira
bailarina absoluta Bertha Rosanova
(Odette e Odile) e os bailarinos
Aldo Lotufo (Príncipe) e Arthur
Ferreira (Feiticeiro). Foi
indescritível e emocionante. Foi uma
façanha e praticamente um milagre o
que aconteceu. Delírio total da
platéia extasiada.
Ontem a noite (18 de junho de 2016),
aconteceu a última récita da atual
temporada, de O Lago dos Cisnes, nos
papeís centrais tivemos Márcia
Jaqueline, Moacir Emanoel e Cícero
Gomes. O que dizer do magnífico
espetáculo apresentado? Fica dificil
descrever tal a qualidade e do
empenho do nosso maior corpo de
baile.
Márcia
Jaqueline (foto à esquerda) primou
pela finura e encantamento de uma
Odette, lírica com postura firme
decisiva. Verticalidade corporal,
simetria e poder de equílibrio.
Cabrioles perfeitos. O que falar da
sua malévola Odile? Gestuais
enérgicos, poder de sedução e
feitiço. Impecável nos seus fouettés
flamejantes que conquistaram a
platéia. Uma interpretação que
dignifica a sua posição de primeira
bailarina.
Moacir
Emanoel (foto à direita), atlético,
viril e belo como um príncipe deve
ser. Um cavalheiro perfeito nos Pas
de Deux - soube amparar a sua
companheira, com segurança e
elegância. Frappés fascinantes,
rotação e giros apurados nos seus
solos, senso de harmonia e coesão.
Uma interpretação sedutora e
inspirada. Grandes progressos.
Cícero Gomes, talento puro. Um Bobo
da Corte pra ficar na história.
Acrobacia, saltos e giros intensos,
inteligência e agilidade cênica. Foi
impecável e recebeu uma consagradora
ovação da platéia em êxtase. Bravos,
muitos bravos.
Joseny Coutinho, fez um Mago
Rothbart, assustador e tenebroso. Um
presença cênica marcante, dominando
todas as suas participações com
acerto e assombro.
Nosso corpo de baile foi impecável.
Coeso - simetria e senso ritmico
perfeitos. Numa coreografia
extenuante e extremamente difícil.
Um trabalho rigoroso e atento. Se as
nossas meninas sempre se
sobressaíram com galhardia, agora
temos no corpo de baile, a presença
enriquecedora de jovens bailarinos,
recém formados, que valorizaram com
muito desvelo e garra, um espetáculo
inesquecível.
Cenários e figurinos lindos e
eficientes. Iluminação correta. A
destacar nos acréscimos a
coreografia: o prólogo, com a figura
aterrorizante do Mago Rothbart, com
suas asas gigantescas envolvendo
dramaticamente, a frágil figura da
sua algoz, Odette. E no final
eletrizante, da morte do feiticeiro,
arrastado por ondas e nuvens para as
profundezas.
Realmente um Lago dos Cisnes que
poderá ser levado a qualquer plateia
do mundo, com o mesmo sucesso feito
aqui. Parabéns ao trabalho das
diretoras artísticas Ana Botafogo e
Cecília Kerche, do seguro regente
Javier Logioia, da coreógrafa Yelena
Pankova, dos nossos valentes músicos
da orquestra. Temos um conjunto de
baile de primeiro mundo. Há muitos
desafios ainda pela frente, mas que
serão facilmente vencidos, pela
qualidade maior dos nossos artistas.
Bravos, bravíssimo!
O Lago dos Cisnes
Música – Piotr Tchaikovsky
Coreografia – Yelena Pankova
Coreógrafa Assistente – Gisèle
Santoro
Com base na criação original de
Marius Petipa e Lev Ivanov
Regência – Javier Logioia Orbe |
Moacir Emanoel foi um príncipe em todos os sentidos. Belo, forte e viril. Um belo O Lago dos Cisnes. Bravos. |
Em comemoração pelos 80 anos de
existência do Ballet do Theatro
Municipal, o Corpo de Baile e a
Orquestra Sinfônica do Theatro
Municipal apresentam O Lago dos
Cisnes, mais famoso e popular dos
balés românticos. Com música de
Piotr Tchaikovsky, a montagem é uma
versão coreográfica de Yelena
Pankova, criada especialmente para o
BTM, em 2006, e que teve como base a
criação original dos coreógrafos
Marius Petipa (1º e 3º atos) e Lev
Ivanov (2º e 4º atos), de 1894.
Divisor de águas na história do balé
clássico, ao trazer uma série de
inovações ao gênero – como os trajes
tutus, para facilitar os movimentos
de maior técnica exigidos pela
coreografia às bailarinas –, O Lago
dos Cisnes fez sua estreia em 1877,
com coreografia de Julius Reisinger,
para o Teatro Bolshoi de Moscou. O
Ballet do Theatro Municipal foi a
primeira Companhia na América do Sul
a apresentar os quatro atos de O
Lago dos Cisnes, em 1959, sob a
remontagem de Dona Eugenia Feodorova
d'après Petipa e Ivanov, tendo como
protagonistas as estrelas Bertha
Rosanova e Aldo Lotufo.
Primeiros bailarinos – Claudia Mota,
Márcia Jaqueline, Karen Mesquita,
Cícero Gomes, Filipe Moreira e
Moacir Emanoel
Solistas principais – Carolina
Neves, Deborah Ribeiro, Mel
Oliveira, Priscila Albuquerque,
Priscilla Mota, Anderson Dionisio,
Carlos Cabral, Diego Lima, Edifranc
Alves, Joseny Coutinho, Murilo
Gabriel, Rodrigo Negri e Wellington
Gomes
Escala de Solistas – Odette / Odile
e Príncipe Siegfried
Claudia Mota e Filipe Moreira (10 e
15 de junho)
Márcia Jaqueline e Moacir Emanoel
(11 e 18 de junho)
Karen Mesquita e Diego Lima (12 e 14
de junho)
Mel Oliveira e Murilo Gabriel (17 de
junho)
Escala de Solistas – Bobo da Corte
Cícero Gomes (10, 11, 12 e 18 de
junho)
Rodrigo Negri (14 e 17 de junho)
Wellington Gomes (15 de junho)
Ballet
A história do Corpo de Baile do
Theatro Municipal do Rio de Janeiro
começa em 1927, quando a bailarina
Maria
Olenewa funda a primeira escola de
dança do Brasil sediada no Theatro
Municipal do Rio de Janeiro.
Olenewa, integrante da Companhia de
Bailados de Leonide Massine que
lecionara na Escola de Danças do
Teatro
Colón de Buenos Aires e dançara no
Brasil em 1921, fixou residência no
Rio de Janeiro. Animada com as aulas
particulares de ballet que
ministrava na cidade, toma a
corajosa iniciativa, e inaugura a
Escola de Dança do Brasil,
dando início à formação de
bailarinos para integrar um futuro
Corpo de Baile.
Inicialmente, Corpo de Baile e
Escola de Dança se fundiam numa
única estrutura na apresentação de
espetáculos, até
que em 1936, foi oficialmente criado
o Corpo de Baile com a separação
definitiva entre escola e companhia
profissional.
A partir de então, o BALLET DO
THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO,
hoje composto de 100 bailarinos
dedicados em tempo integral ao seu
trabalho, vem cultivando ao longo de
sua existência a tradição na
excelência de
seu repertório, na escolha de
grandes nomes para sua direção, e de
contar com coreógrafos e bailarinos
de prestígio
internacional.
Personagens:
· Príncipe Siegfried
· Princesa Odette
· A Rainha
· Mago Rothbart (caracterizado por
grandes asas)
· Feiticeira Odile
· Donzelas
· Convidados
Primeiras montagens:
Première Mundial
· Data: 4 de março de 1877 (20 de
Fevereiro no Calendário juliano)
· Lugar: Teatro Bolshoi, Moscou
· Coreógrafo: Julius Reisinger
Apresentação à Corte Imperial
· Data: 15 de janeiro de 1895
· Lugar: Teatro Mariinsky, São
Petersburgo
· Coreógrafo: Marius Petipa, Atos 1
e 3, Lev Ivanov, Atos 2 e 4.
Ato I
No castelo realiza-se com toda a
pompa o aniversário do príncipe
Siegfried. A rainha oferece ao filho
como presente um Baile e pede-lhe
que, no dia seguinte, escolha uma
esposa entre as convidadas da festa.
Quando os convidados saem do
castelo, um grupo de cisnes brancos
passa perto do local. Enfeitiçado
pela beleza das aves, o príncipe
decide caçá-las.
Ato II
O lago do bosque e as suas margens
pertencem ao reino do mago Rothbart,
que domina a princesa Odette e todo
o seu séquito sob a forma de uma ave
de rapina. Rothbart transformou
Odette e as suas donzelas em cisnes,
e só à noite lhes permite
recuperarem a aparência humana. A
princesa só poderá ser liberta por
um homem que a ame. Siegfried, louco
de paixão pela princesa das cisnes,
jura que será ele a quebrar o
feitiço do mago.
Ato III
Na corte da Rainha aparece um nobre
cavalheiro e sua filha. O príncipe
julga reconhecer na filha do
cavalheiro a sua amada Odette, mas,
na realidade, os dois personagens
são o mago Rothbart e sua filha,
Odile. A dança com o cisne negro
decide a sorte do príncipe e da sua
amada Odette: enfeitiçado por Odile,
Siegfried proclama que escolheu
Odile como sua bela futura esposa,
quebrando assim o juramento feito a
Odette.
Ato IV
Os cisnes brancos tentam em vão
consolar a sua princesa, que é
destroçada pela decisão do príncipe,
aceitando a sua má sorte. Nesse
momento, surge o príncipe Siegfried
que explica à donzela como o mago
Rothbart e a feiticeira Odile o
enganaram. Ela perdoa o príncipe e
os dois renovam os votos de amor um
pelo o outro. Nesse momento, aparece
o mago Rothbart e tenta matar
Odette. O príncipe corta as asas de
Rothbart fazendo com que ele perca
seus poderes, e tendo renovado seus
votos de amor, se casa com Odette.
Márcia Jaqueline e Lauro Gomes, após a apoteótica apresentação de O Lago dos Cisnes. |
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