Concerto da Orquestra Sinfônica de
Shanghai (31/08/2015)
Ontem a noite tivemos um concerto que fez muito sucesso e levantou a plateia, mas num clima bastante morno, no sentido em que realmente é basicamente, um conjunto asiático, sem os fulgores e lampejos de uma orquestra ocidental.
A orquestra já existe a 135 anos. Ela começou as suas atividades como Banda Pública de Shanghai, em 1907 passou a ser orquestra e, em 1922, orquestra sinfônica. É o conjunto mais antigo da Asia e o mais famoso do continente. O seu regente e diretor artístico é o conhecido maestro Long Yu, que excursiona com os seus músicos por todo o mundo, passando por capitais como Berlim, New York e o Rio de Janeiro. O concerto como começou um obra de um compositor contemporâneo chinês, Qigang Chen, que nasceu em Shanghai no dia 28 de agosto de 1951, mas vive na França desde 1984. Vencedor de vários concursos, se especializou em fazer na sua música, uma interação da música tradicional chinesa, com moderna técnica de composição ocidental. Na Abertura Sinfônica “Instants d’un Opéra de Pékin”, do Qigang, é usada alterações de velocidade e variações de rítmos diferentes, fazendo-a intrincada e fascinante, enriquecendo a obra que também usa instrumentos especiais, que são utilizados nos principais acompanhamentos de personagens da Ópera de Pequim.A Orquestra mostrou coesão e uma dinâmica atenta, sob a direção segura do Yu.
A seguir, tivemos o prazer de rever a arte do fantástico violinista russo, Maxim Vencerov, na interpretação do Concerto Para Violino e Orquestra, de Tchaikovsky. A obra foi composta entre 17 de março e 11 de abril de 1878, em Clarens, à beira do Lago Léman de Genebra, na Suiça, onde o compositor, se recuperava de um colapso nervoso, causado pelo seu casamento desastroso. O concerto estreou em Nova Iorque em 1879, com relativo êxito. Na Europa, estreou em Viena em 1881, regida por Hans Richter, tendo Adolf Brodsky no violino, e logo se tornou um grande sucesso. O concerto é de uma prodigiosa vitalidade que termina numa dança frenética cossaca, sobre um fundo folclórico eslavo. Muitos aplausos ao violinista, virtuose e performático. Na orquestra sentimos a falta de calor que nos remetesse aos anseios do compositor. O conjunto é por demais rigoroso na métrica e na correção musical, sendo prejudicada na falta de uma dinâmica mais solta e no envolvimento emotivo. O violinista, muito aplaudido voltou ao palco. Como bis, um adágio de Bach.
Após o intervalo, tivemos o ápice da noitada musical, a excepcional Sinfonia nº 5, de Shostakovich, que trabalhou na obra, entre abril e julho de 1937. Pressionado pelo governo, o compositor buscou uma reabilitação política, voltando ao classicismo heróico exigido pelos governantes. A obra estreou no dia 21 de novembro de 1937, pela Orquestra Filarmônica de Lennigrado, regida por Yevgeny Mravinsky. Rostropovich presente, testemunhou o grande sucesso da obra que foi contemplada um aplausos frenéticos durante cerca de 40 minutos.
A sinfonia foi ouvida pelo público, como uma expressão do sofrimento causado ao compositor, pela tortura intelectual imposta por Stalin.
A Orquestra foi brilhante e eloquente realizando um trabalho primoroso, bem mais desenvolvido e detalhado, fluindo maravilhosamente sob a batuta enérgica de Lang Yu.
Muitos aplausos e como bis, uma linda serenata tradicional
chinesa.
Bravos a Dell’Art, que como sempre, faz a diferença na nossa mesmice temporada musical.
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Lauro Gomes com o maestro Lang Yu
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