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  • 23/01/2016
    As 33 Variações de Beethoven – Teatro Nathalia Timberg


    O Rio ganha mais uma casa de espetáculos: o belo, confortável e bem equipado Teatro Nathalia Timberg. Abençoado seja o Wolf Maya. É uma delícia de espaço, com um bom serviço de bar, espaçoso e confortável. Ótima visão em todos os lugares, acústica perfeita, alçapão com elevador, postes de bombeiros, passarelas laterais, iluminação farta, projeções, etc.
    A peça de Moyses Kaufman, descreve a busca incessante de uma pesquisadora, portadora de Esclerose Lateral Amiotrófica, ELA, pelas causas que levaram Beethoven dedicar-se exaustivamente, em elaborar as 33 Variações sobre a valsa de Diabelli.
    A tradução da própria Nathalia, é primorosa, fluente, teatral e dinâmica. Nos principais papéis, Nathalia Timberg, apenas confirma porque é uma das maiores atrizes do país. Obstinada, forte e convicta, vai deteriorando a sua condição física durante o espetáculo, enfraquecendo-se na sua luta com perseverança. Ótimo desempenho.


    Lauro Gomes e Nathalia Timberg

    Wolf Maya incorpora um Beethoven dinâmico, sarcástico e genial. Precisa aparecer mais como magnífico ator que é.
    Tadeu Aguiar, faz uma composição genial do Diabelli. Esfuziante e preciso.
    Gustavo Engracia, no criado de Beethoven, faz um caracterização expressiva. Domina as suas cenas com correção e uma voz ampla e bem projetada. Lu Grimaldi, como curadora do museu, tem uma interpretação discreta e inteligente. Bem germânica, no porte e nos gestos.
    No casal de enamorados, Gil Coelho faz o enfermeiro dedicado e atencioso e ao mesmo tempo apaixonado, ingênuo e depois viril e intenso. Flavia Pucci, faz uma filha obcecada e preocupada nas diversas fases da doença da mãe, dividindo-se no seu amor filial e na voracidade deu seu amor pelo o enfermeiro. No elenco de apoio, ótimas participações dos alunos do curso de teatro de Wolf, que brilham cantando com afinação, um Kyrie no final.
    A direção de Wolf Maya é magistral. Sua concepção valoriza muito o texto, sublinhando com perfeição, todas as intenções e situações. Um magnífico trabalho. Os cenários e elementos de cena, de J. C. Serroni, são grandiosos, lindos e eficientes, com a ajuda de cortinas esvoaçantes e projeções cinematográficas. A iluminação de Aurélio de Simoni, perfeita em todos os detalhes.

    Os aplausos finais, para a fenomenal participação da pianista Clara Sverner. Arrojada, delicada, intensa, envolvente e sobretudo, atenta. Participa do espetáculo inteiro, sentada ao piano, como uma figura de camafeu, criando as dinâmicas e ditando o ritmo da encenação.

    De parabéns a toda equipe das 33 Variações de Beethoven. Um espetáculo que dignifica o teatro brasileiro, com todos os adjetivos positivos possíveis. Imperdível. Quem ama a música, quem ama ao teatro, não pode ficar desatento.

    Vamos todos ao belíssimo Teatro Nathália Timberg, aplaudir a estes incríveis artistas brasileiros.


    Lauro e Clara Sverner


    Eu com as grandes damas: do piano, Clara Sverner; do teatro, Nathalia Timberg - após o magnífico espetáculo, 33 Variações de Beethoven

     



     


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